Pesquisa realizada em duas propriedades da região central do estado mostra a eficiência técnica do uso de um conjunto de bioinsumos e nutrientes no cultivo de feijão em pequenas propriedades no estado do Rio Grande do Sul. Os resultados estão publicados no Boletim Técnico nº 14, publicado pelo Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA) da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi).
O estudo foi realizado em parceria entre pesquisadores do Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa Florestal (Ceflor/DDPA) e a Emater Regional de Santa Maria nas propriedades dos agricultores familiares Ângelo Severo e Edenir Schmengler, do município de Agudo, com dois cultivares de feijão, o Fepagro Triunfo (feijão preto) e o RS Centenário (feijão rajado), ambos materiais desenvolvidos pelo DDPA.
“Os agricultores aceitaram o convite para fazer parte deste trabalho de pesquisa e gentilmente cederam parcelas de suas áreas produtivas para a instalação dos ensaios de pesquisa, acompanhando diariamente a condução e a evolução do estudo em suas propriedades”, destaca a pesquisadora do DDPA e doutora em Ciência do Solo, Gerusa Steffen.
Apesar da agricultura brasileira ser mundialmente reconhecida como uma das maiores usuárias de biotecnologias e insumos biológicos nas mais diversas culturas, este cenário é mais restrito a grandes e médias propriedades agrícolas. Os benefícios do uso de microrganismos e de produtos alternativos que melhorem a fertilidade biológica e a qualidade dos solos ainda são pouco divulgados e utilizados por agricultores familiares.
“Conhecendo os inúmeros benefícios que o uso de insumos biológicos pode proporcionar para a agricultura familiar, inclusive no aumento da resistência das plantas a estresses provocados por déficit hídrico, excesso de temperatura e pressão de pragas, surgiu a ideia de realização deste projeto em áreas de agricultores familiares gaúchos’, afirma Gerusa.
O pacote de insumos biológicos e nutrientes utilizado na cultura do feijão contou com três produtos comerciais: um inoculante contendo a bactéria Rhizobium tropici SEMIA 4077 e 4080, um produto à base de Trichoderma harzianum, Trichoderma asperellum e Bacillus amyloliquefaciens, e de um enraizador à base de algas marinhas, ácidos húmicos, ácidos fúlvicos, cobalto, molibdênio e silício. O uso combinado destes bioinsumos e nutrientes elevou significativamente a produtividade dos dois cultivares de feijão avaliados, incrementando em 193 Kg de grãos/hectare a produtividade do feijão preto Fepagro Triunfo, e em 158 kg de grãos/hectare a produtividade do feijão rajado RS Centenário.
Os resultados deste estudo foram apresentados a agricultores, técnicos, estudantes e à comunidade do município de Agudo (RS) que se fez presente em duas tardes de campo organizadas pela Emater-RS/Ascar e pelo DDPA, com o apoio da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) e da gestão municipal. Além das trocas de experiências entre os participantes, a realização destes eventos técnicos possibilitou a divulgação dos benefícios do uso de insumos biológicos e nutrientes na cultura do feijão, como ferramenta para aumento da eficiência e da sustentabilidade econômica e ambiental no cultivo desta importante cultura para o Estado gaúcho.
“O aumento da produtividade da cultura do feijão pelo uso de bioinsumos resulta do somatório dos inúmeros benefícios promovidos pelo estímulo às interações biológicas entre o solo, os microrganismos, as plantas e a atmosfera. Por isto, é uma estratégia que deve ser cada vez mais divulgada entre os agricultores familiares, para que eles tenham acesso ao uso de ferramentas biológicas que além de elevar a produtividade e reduzir custos, resultem em melhorias à qualidade do solo, das plantas, do ambiente e, principalmente, da qualidade de vida das pessoas”, constata a pesquisadora do DDPA. Segundo ela, um solo saudável produz plantas saudáveis, que alimentam pessoas e animais de uma forma muito mais saudável e nutritiva, elevando a saúde e a qualidade de vida das famílias do campo e da cidade.
Para o estudo completo acesse: https://www.
texto: Maria Alice Lussani/Ascom Seapi e foto: divulgação Seapi
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