Uruguai – Notória queda na captação de leite reflete o ânimo do produto




Produção/UR – A queda da produção de leite nas fazendas e da captação nas indústrias lácteas do Uruguai é resultado de “uma série de eventos acumulados”, explicou a El Observador Juan Daniel Vago, presidente do Instituto Nacional do Leite (Inale).

Vago disse que o ânimo no setor foi alterado porque não se pode aproveitar a baixa nos custos com mais faturamento, mas destacou que em um contexto mais amplo “as perspectivas são boas”.

Os dados divulgados no início desta semana mostram que a captação de leite caiu quase 12% no mês de maio, na comparação interanual.  

Vago lembrou que não estão longe e nem superados todos os impactos adversos da seca que começou na primavera de 2022 e se estendeu na maior parte de 2023.

Para minimizar os problemas da seca e sair dessa conjuntura da forma menos traumática possível foi necessário fazer investimentos o que gerou complicações que não são novas: endividamento e restrição financeira.

Além disso, com o ponto inicial em agosto do ano passado, houve queda de quase 40% nas cotações das commodities lácteas no mercado internacional, destino na maior parte de tudo o que é industrializado no Uruguai.    

Este ano, desde março, foram registrados episódios de chuvas muito frequentes e em alguns casos excessivas, com maior impacto negativo em algumas zonas do que em outras, “mas atingiu fortemente a bacia leiteira de Florida (onde continuou chovendo em junho). O gado leiteiro sofre muito mais quando há excesso de umidade do que quando falta água, desde que haja comida”, disse

Além da falta de conforto animal para produção, chuvas em excesso, criam barro, afetando os animais, atrasam os plantios para obtenção de comida e também existe mais incidência de enfermidades podais e aumenta o nível de células somáticas nos úberes.   

Apesar de tudo isso, “existem boas perspectivas para o setor”, afirmou Vago, “porque o preço das commodities lácteas no mercado internacional ficaram mais estáveis, houve queda significativa dos custos de herbicidas e fertilizantes, caiu o preço da ureia e sobretudo dos grãos, dos concentrados, então haverá margem, que pode não ser excelente, mas haverá”.

Lamento, mais uma vez, que a queda no volume de leite não tenha permitido aproveitar melhor a redução dos custos de produção, “porque menos leite produzido é menor faturamento”, existindo agora a expectativa de que na entrada da primavera a situação climática será normalizada e que não surjam novos contratempos.

Mas há uma realidade, que precisa ser levada em conta: ao produzir menos leite reduz a renda de muitos sistemas produtivos “e isso causa impacto no ânimo dos produtores”.

A captação de leite em maio de 2024 caiu 11,9% em relação ao mesmo mês do ano passado, e alcançou 149,5 milhões de litros. Em maio de 2023 o volume foi de 170 milhões de litros.

Outro dado adverso divulgado pelo Inale foi de que houve queda de 2,3% no acumulado de 2024 (janeiro a maio) totalizando 718 milhões de litros, contra 734 milhões de litros nos cinco primeiros meses de 2023.

Em compensação, continua sendo positiva a evolução da captação nos últimos 12 meses (junho de 2023 a maio de 2024), com 2.097 milhões de litros, 0,9% a mais em relação ao ano móvel anterior.

Nos registros de 2024 a captação de janeiro (163 milhões de litros) foi a maior com base nas medições mensais, e o menor volume em fevereiro, 130 milhões de litros.

Na série histórica, a melhor captação mensal ocorreu em outubro de 2020 com 222 milhões de litros. (El Observador – Tradução livre: www.terraviva.com.br)

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