Parte 02/02: PREÇOS AO PRODUTOR E CUSTOS SÃO INFERIORES AOS PRATICADOS NO BRASIL
Apesar da diminuição do número de fazendas, em 2,3% ao ano, a produção de leite da Argentina teve crescimento médio líquido positivo de 1,5% ao ano. A produção por fazenda teve crescimento de 3,9% ao ano na média do período. Outra constatação da atividade leiteira no âmbito global é de uma lenta, mas consistente evolução, para rebanhos menores e vacas mais especializadas na produção de sólidos do leite. No caso da Argentina, verifica-se que o plantel evoluiu sua produtividade passando da média de 6.370 l/vaca/ano em 2020 para 7.470 l/vaca/ano, em 2023. A Figura 2 ilustra o crescimento da produção total de leite da Argentina, decomposto segundo dois efeitos: variação do número de vacas e variação da produção média por animal.
Na média do período 2019-2023, observa-se redução anual de 2,5% do plantel e, ao mesmo tempo, incremento da produtividade animal média em 4,2% ao ano. A combinação desses dois fatores perfaz uma taxa de crescimento da produção de leite na Argentina de 1,5% na média dos últimos cinco anos. O nível de preço do leite ao produtor argentino foi de US$ 0,33/l de leite, na média do período 2019 a 2023. Apesar de 28% menor em comparação com o mesmo indicador do Brasil, cresceu 8% ao ano nesse período. Ao mesmo tempo, o custo de produção aumentou no período de 2019-2023 e parte significativa deste pode ser atribuído ao custo da mistura do alimento concentrado para as vacas, que cresceu 3,8% ao ano em média. Para efeito de simplificação, considerou-se mistura (70+30), que representa composição de 70% para os preços do milho e de 30% para os preços do farelo de soja. Na média do período 2019 a 2023, o valor calculado para a mistura ficou em US$ 0,22/kg, o que significa 27% menor em comparação ao mesmo indicador de custo na produção de leite do Brasil. Na avaliação da competitividade de sistemas de produção é praxe considerar o custo referente a um quilo de mistura para a produção de três litros de leite. Desse modo, descontando o valor equivalente ao custo dessa mistura na proporção de 3:1, a margem será aquela que cobrirá os demais custos da atividade e remunerará o capital e o produtor. Para a margem de preço sobre o custo da mistura 70+30, o valor calculado para o período 2019 a 2023 ficou em US$ 0,25/l, menor 29% em comparação com o mesmo indicador para o Brasil. No caso da Argentina, todos os indicadores (preço ao produtor, custos da mistura 70+30 e margem do preço sobre mistura), todos ficaram 28% inferiores em comparação com os mesmos indicadores do Brasil. A Figura 3 ilustra a evolução do crescimento do consumo de lácteos da Argentina ao longo do período 2019-2023, segundo a variação do consumo per capita e da variação anual da população.
Observa-se que em 2019 houve crescimento de 3,4% no consumo per capita. Todavia, nos últimos quatro anos não houve crescimento significativo, em parte pelo enfrentamento de crises macroeconômicas que afetaram o poder aquisitivo da população. Entretanto, na média do final do período verificou-se crescimento do consumo per capita de 0,9% ao ano e dos lácteos como um todo, de 1,4% ao ano. (Anuário do Leite da Embrapa 2024 - Adaptado pelo SINDILAT/RS)
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