Oferta de leite nas principais regiões do mundo

 GDT - Global Dairy Trade




Fonte: GDT adaptado pelo SINDILAT/RS


Oferta de leite nas principais regiões do mundo

Perspectivas estáveis devem marcar o mercado internacional de leite este ano. É um cenário com oferta mais ajustada à demanda, ainda que ambas cresçam pouco, o que deve garantir sustentação dos preços internacionais.

A geografia mundial da produção de leite alterou-se significativamente nos últimos 30 anos. Em 1992, o mundo produzia 1,256 bilhão de litros de leite por dia. A Europa respondia por mais da metade deste montante, com 639 milhões de litros/dia, estimulados pelo forte amparo estatal, com subsídio à produção e às exportações. Naquele ano, as Américas produziam cerca de um quarto do total, com 330 milhões de litros/dia. De 1992 a 2022, a produção mundial cresceu mais de 60%, alcançando 2,064 bilhões de litros diários. A produção europeia ficou praticamente estacionada no período, refletindo a retirada da subvenção à produção e exportação e o surgimento de crescentes desafios ambientais, sociais e econômicos para a pecuária leiteira. A produção aumentou na África e na América. Mas o grande salto se deu na Ásia, passando de 202 milhões de litros de leite/dia produzidos em 1992 para 708 milhões de litros em 2022. Esse incremento foi puxado por programas de estímulo à produção para suportar a forte expansão do consumo local, estimulado por aumento populacional e de renda. O continente pouco participa das exportações, continuando a ser importante destino para os lácteos transacionados no mercado internacional. Já a produção da Oceania é a menor entre todos os continentes, embora quase tenha dobrado nos últimos 30 anos, alcançando 81 milhões de litros diários em 2022. A importância regional está  na produção competitiva, que transformou Nova Zelândia e Austrália em grandes exportadoras de lácteos, rivalizando com o papel tradicionalmente exercido pela Europa (Figura 1).



Nesse cenário, a China tornou-se o maior importador mundial de lácteos e movimentos na sua demanda têm reflexo direto na formação de preços no mercado. Os últimos dois anos, no entanto, foram de perda de velocidade do crescimento econômico e das importações de lácteos do gigante asiático. A importação de leite em pó integral pela China, que atingiu 841 milhões de t em 2021, caiu para 699 milhões em 2022 e apenas 445 milhões de t no ano seguinte. Para 2024, por enquanto, não há sinais de grandes alterações na importação de leite em pó pela China, continuando com volume ainda limitado. 

PRODUÇÃO DE LEITE DOS PRINCIPAIS PAÍSES DÁ SINAIS DE ESTAGNAÇÃO

A desaceleração das importações chinesas e o menor dinamismo econômico global nos últimos dois anos levaram à oferta de lácteos ficar acima da demanda nos anos de 2022 e no início de 2023. Isto provocou queda no preço de lácteos no mercado internacional. A cotação do leite em pó 
integral alcançou US$ 2.706/t em agosto de 2023, o que acabou desestimulando a produção. Em 2023 houve crescimento mais lento ou mesmo queda da produção nos principais países exportadores. Com isso, a produção permaneceu praticamente estacionada entre 2022 e 2023 em 280 milhões e 400 milhões de litros/dia, respectivamente, nos Estados Unidos e na União Europeia. As produções neozelandesas e australianas tiveram desempenho tímido, enquanto na Argentina ocorreu queda de 32 para 31 milhões de litros/dia, ainda que o país tenha aumentado suas exportações principalmente para o Brasil (Tabela 1). 



Em suma, em 2023 os principais exportadores mundiais aumentaram pouco ou diminuíram a oferta de leite, o que permitiu alguma recuperação dos preços internacionais. O leite em pó integral foi comercializado a US$ 3.463/t em fevereiro de 2024. Nos últimos meses, a produção leiteira nos principais países e regiões continua mostrando sinais de estagnação, alinhado ao observado no ano de 2023 em relação a 2022. Isso mostra que o aperto da oferta continua e as perspectivas para 2024 são pela continuidade deste quadro. A menor demanda chinesa, importante importador mundial e as incertezas do crescimento econômico e da demanda de lácteos nos principais países do mundo ajudam a manter este quadro de maior cautela no que trata da demanda por lácteos. É um cenário com oferta mais ajustada à demanda, ainda que ambos cresçam pouco. Isso pode garantir, ainda que de maneira limitada, a sustentação dos preços no mercado internacional. (Anuário do Leite da Embrapa 2024 - Adaptado pelo SINDILAT/RS)

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