Por James Oliphant, correspondente político nacional

Fonte: Reuters

Se há uma questão que confunde os estrategistas democratas neste ano eleitoral, é esta: por que os eleitores americanos estão de tão mau humor ? Não é fácil responder, mas os sentimentos dos eleitores sobre o estado da nação são provavelmente o maior obstáculo à candidatura à reeleição do presidente Joe Biden .

Essa questão tem estado muito na minha mente enquanto falo com eleitores de todo o país, inclusive para esta análise que mostra que Biden está a perder apoio entre os principais grupos de eleitores que fizeram parte da sua coligação vencedora há quatro anos.

Por que os eleitores estão de mau humor?

Por um lado, é fácil compreender por que os eleitores estão tão sombrios. Eles passaram por muita coisa nos últimos anos: o tumulto da presidência de Trump; uma pandemia global que trouxe convulsões financeiras, seguida por um aumento acentuado no custo de vida; o ataque de 6 de janeiro ao Capitólio dos EUA; desastres climáticos; guerra na Ucrânia , em Israel e em Gaza ; e uma fronteira sul porosa.

E os telespectadores acabaram de vivenciar seis semanas de cobertura ininterrupta do julgamento sem precedentes do republicano Donald Trump em Manhattan e da condenação por acusações criminais de que ele falsificou documentos comerciais para pagar dinheiro secreto a uma estrela pornô que bloqueou histórias sobre quase qualquer outra coisa.

Tudo isso é suficiente para fazer qualquer um se sentir triste ou, pelo menos, exausto .

A campanha de Biden prefere que os eleitores olhem para as baixas taxas de desemprego, o crescimento salarial, os novos projectos de infra-estruturas e o compromisso do presidente com a democracia, que destacou num discurso apaixonado na quinta-feira, no 80º aniversário dos desembarques cruciais do Dia D da Segunda Guerra Mundial na Normandia.

Alguns eleitores indecisos continuam não persuadidos , com a sua falta de fé na estabilidade da economia sustentada pela sua ambivalência ao serem solicitados a escolher novamente entre Biden, 81, e Trump, 77.

Mary Jo McConnell, 67 anos, que respondeu a uma sondagem recente da Reuters/Ipsos e tem dois empregos a tempo parcial para complementar os seus benefícios da Segurança Social, disse-me que apenas balança a cabeça quando Biden diz que a economia está em boa forma. Mas ela também não ama Trump.

“Os políticos estão fora de sintonia porque não compreendem o que a maioria de nós está a passar”, disse McConnell.

Uma outra pesquisa Reuters/Ipsos realizada no mês passado mostrou pessimismo generalizado em quase todas as frentes. Mais de 65% dos eleitores registados disseram que o país estava “no caminho errado” em questões como a economia, o custo de vida, a imigração e o ambiente político.

A boa notícia para Biden é que muitos dos eleitores que o rejeitam não desertaram para Trump. A campanha do presidente disse-me que acredita que pode trazer esses eleitores de volta ao grupo antes de Novembro e que poucos deles acabarão por passar para o lado para apoiar Trump.

Essa pode ter sido uma das razões pelas quais Biden assinou esta semana uma medida executiva que reprime a segurança das fronteiras , instituindo restrições semelhantes às implementadas durante a administração Trump.

Mas neste momento, a eleição parece favorecer a narrativa de carnificina e caos que Trump espalha, e que ele ampliou com a sua condenação por 34 acusações criminais na semana passada. Trump tentou transformar o veredicto de culpa num referendo sobre o sistema judicial norte-americano – e sobre o destino do próprio país – descrevendo-se como um “ prisioneiro político de uma nação em falência ”.

Os seus mais fervorosos apoiantes responderam ao veredicto com apelos à violência e à retribuição . Trump alertou que prendê-lo poderia levar o país a um “ponto de ruptura”.

Alguns republicanos responderam ao veredicto dizendo que não podiam mais apoiar Trump , mas a campanha de Biden ainda não tinha certeza se isso acabaria por ter muito impacto.

Para o bem de Biden e de sua campanha, é melhor que eles esperem que algo seja registrado pelo público em breve para colocá-los em um estado de espírito mais brilhante. Eles consideraram vídeos de gatos?

Verificação de fatos da semana

A condenação histórica de Trump em 30 de maio por acusações criminais por um júri de Nova York causou sensação offline e online . Uma postagem do Threads compartilhou a foto de uma policial negra com o texto: “Conheça: Rohondra Williams Trumps Oficial de Liberdade Condicional”. A mulher fotografada, no entanto, é uma comandante do Departamento de Polícia Metropolitana de Indianápolis chamada Nikole Pilkington.

“Nenhum oficial do IMPD nem o comandante Pilkington tiveram qualquer envolvimento no caso Trump de Nova York ou foram designados como oficiais de liberdade condicional neste caso”, disse o Departamento de Polícia Metropolitana de Indianápolis. Consulte Mais informação .