Governo lança o Plano Estadual de Ações de Resposta à Fauna

 Diagnóstico parcial aponta que cerca de 20 mil animais estão em abrigos devido às enchentes

A iniciativa integra o Plano Rio Grande, programa de reconstrução, adaptação e resiliência climática do Rio Grande do Sul - Foto: Lauro Alves/Secom

O governo do Estado do Rio Grande do Sul, por meio do Gabinete de Projetos Especiais do Vice-Governador e da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), lançou, nesta sexta-feira (31/5), o Plano de Ações de Resposta à Fauna. O documento propõe a articulação entre as esferas municipal, estadual e federal e o terceiro setor e define atividades, competências e responsabilidades na assistência a animais em situações de calamidade pública.

O projeto integra o Plano Rio Grande, um programa de reconstrução, adaptação e resiliência climática do Estado, que visa planejar, coordenar e executar ações para enfrentar as consequências sociais, econômicas e ambientais da enchente histórica.

O Gabinete de Coordenação de Resposta à Fauna (GCRF), composto por membros do governo e do Grupo de Resposta a Animais em Desastres (Grad), com apoio de voluntários da Arcanimal, lidera os trabalhos. O acordo de cooperação entre o Estado e o Grad foi assinado em 18 de maio. Desde então, o GCRF auxilia nos salvamentos de animais ilhados e presta suporte aos municípios para a gestão de abrigos. 

De acordo com o governador Eduardo Leite, a articulação entre o poder público e a sociedade civil organizada que atua na causa animal é importante para entregar um serviço bem alinhado e de qualidade no atendimento aos animais.

“Não tem como ignorar a causa animal durante uma situação como a que estamos vivenciando. É muito importante que estabeleçamos essa política pública com a coordenação do poder público, mas com a participação da sociedade. Dessa forma, acreditamos que as coisas sejam encaminhadas de uma forma melhor. Estarmos articulados com quem já se organiza para atender a essas causas e promover uma sintonia para o bem-estar dos animais, que é algo complexo, não é simplesmente fazer de qualquer jeito", afirmou Leite.

O vice-governador Gabriel Souza destacou a necessidade de um plano que possibilite a assistência nos abrigos e garanta a saúde animal. “Hoje, são pelo menos 20 mil animais em abrigos, muitos à espera dos seus tutores e uma grande parte que vivia em situação de rua e que poderá encontrar um lar. Por isso, elaboramos um plano robusto, com ações em várias frentes, para prestar assistência nos abrigos, garantir a saúde e viabilizar castrações, além de proporcionar reencontros e adoções desses animais”, explicou.

Para a titular da Sema, Marjorie Kauffmann, contar com o apoio de instituições como o Grad e as universidades foi importante na construção do plano. “Nós entendemos que políticas públicas estaduais precisam ser norteadoras e o evento da enchente trouxe uma necessidade de resposta. Felizmente, tivemos o amparo de instituições que já tinham grande experiência na área, além do apoio técnico e científico das universidades, tudo alinhado para que tenhamos a construção coletiva das soluções”, disse.

Um levantamento preliminar encaminhado pelo GCRF estima que o Estado aproximadamente 20 mil animais distribuídos em cerca de 400 abrigos. A maioria são cães e gatos, mas há também animais silvestres e de produção. O foco, agora, passa a ser a identificação deles, para viabilizar o reencontro com seus tutores ou o encaminhamento para lar temporário ou adoção.

Leite destacou que a articulação com entidades que atuam na causa animal é importante para entregar um serviço de qualidade - Foto: Lauro Alves/Secom

Diagnóstico e transparência

O Estado, por meio do Gabinete de Coordenação de Resposta à Fauna, passa a disponibilizar uma plataforma que reúne informações sobre o número de abrigos no RS, a quantidade de animais abrigados e as espécies mapeadas. É possível filtrar por cidade, bairro e endereço. O objetivo é traçar um panorama da situação no Estado e conferir transparência aos dados.

Jornada rumo à adoção

Com a ajuda de parceiros, o gabinete propõe um fluxo digital para mapear animais resgatados e encaminhá-los para tutores, lares temporários ou adoção. Eles são identificados com medalhas, dependendo da situação de cada um: vermelha para tutores conhecidos, amarela para animais aguardando identificação, e verde para aqueles que estão prontos para adoção.

As medalhas, doadas pela Animalltag, serão cadastradas por meio de um aplicativo, com auxílio de voluntários da Arcanimal. Os dados serão usados pelo portal Pets RS para a promoção de reencontros e pelo site da Arcanimal para adoções. Os interessados em contribuir com a causa animal podem adotar de modo temporário ou definitivo.

Canal de autoatendimento 

O plano inclui um canal de comunicação automatizado, via WhatsApp (51 99486-5180), para atender às necessidades dos abrigos, como informações sobre donativos (onde buscar, solicitação de medicamentos e de outros recursos). 

A ferramenta também é destinada ao cadastro de abrigos ainda não identificados no levantamento encaminhado pelo Gabinete de Coordenação da Causa Animal. Também é possível, por meio do canal, manifestar interesse em ser voluntário.

Manual de boas práticas para abrigos

Visando garantir acesso a informações essenciais sobre protocolos sanitários e papéis operacionais, umanual digital de boas práticas, baseado na cartilha do Instituto de Medicina Veterinária do Coletivo (IMVC), será disponibilizado para os abrigos. Ele oferece orientações sobre organização do espaço, manejo de animais, estrutura operacional e questões de saúde e segurança.

Controle populacional ético de cães e gatos

Está sendo articulada a prestação de serviços de esterilização e chipagem para cerca de 20 mil animais, a partir do cadastro em uma plataforma oficial do governo do Estado. A iniciativa visa atender municípios como Porto Alegre, Canoas, Guaíba, Eldorado do Sul e São Leopoldo, e conta com o apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, da UniRitter, da Universidade Luterana do Brasil e da Feevale. O recurso será aportado pelo Fundo para Recuperação de Bens Lesados, do Ministério Público do Estado.

Texto: Thales Moreira/Secom e Ascom Sema
Edição: Rodrigo Toledo França/Secom




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