Docente da Unicruz realiza viagem precursora à Operação Jenipapo, do Projeto Rondon
A Universidade de Cruz Alta tem conhecimento desde o mês de julho de que participará de mais uma ação do Projeto Rondon, a Operação Jenipapo. A previsão de execução é para a segunda quinzena de janeiro de 2015, mas a Unicruz já está com a agenda ativa. A professora do Centro de Ciências Humanas e Sociais (CCHS), Janete Schubert viajou, no início do mês, até a cidade de Icatu, município situado no Norte maranhense, para realizar um diagnóstico do local e estabelecer contatos com a gestão e a comunidade. É lá que os rondonistas da Unicruz terão a missão de contribuir para o desenvolvimento socioeconômico dos moradores.
A professora Janete participou da viagem acompanhada do professor Mateus Gerolamo, da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC). Ambos serão responsáveis por coordenar as ações da Operação Jenipapo em Icatu. A Unicruz foi delegada para executar o Conjunto A, que engloba as áreas de Cultura, Direitos Humanos e Justiça, Educação e Saúde. “Tivemos uma agenda intensa de reuniões e de visitação a locais do município. Foram realizadas reuniões com os secretários municipais com o objetivo de levantar dados sobre a cidade e também avaliar conjuntamente com os secretários a pertinência ou não das ações que foram propostas”, explica a rondonista, que também teve compromissos com lideranças comunitárias.
Virtudes, lacunas e uma visita às raízes do Brasil
Icatu tem pouco mais de 25 mil habitantes, de acordo com o último censo do IBGE. Fundada oficialmente em 1924, a cidade tomou forma no território da vila mais antiga do Maranhão, segundo o historiador local José Almeida, com o qual a professora Janete teve contato. Ela também destaca em seu depoimento a receptividade dos moradores durante sua estada na cidade. “As pessoas recebem de forma extremamente descontraída, alegre e fraterna, é fácil se sentir ‘quase’ em casa, ao ser tão bem tratado. A senhora querida que nos preparou almoço todos os dias, denominada carinhosamente pelo comunidade de Mãe Raimunda, nos tratou como filhos queridos, esperava pela gente com seu sorriso amável e logo ia anunciando o que havia preparado para o almoço. Sua comida está certamente entre as melhores que já degustei, os peixes de água salgada, fresquinhos, nos faziam ansiar pela hora do almoço. Certamente temos muito que aprender com amabilidade das pessoas de Icatu”.
Mas nem só de alegria vivem os moradores de Icatu. Aspectos ambientais foram observados pela docente durante diálogos com lideranças do município. Os principais agravantes são a precariedade da infraestrutura urbana e a falta de água potável. “A cidade é pouquíssimo pavimentada. Os acessos aos povoados são todos de chão batido, em alguns lugares só se chega com carro tracionado. A cidade é bastante extensa e 70% da população vivem em pequenos povoados. Dentre outros pontos observados, destacam-se os lixos espalhados pela cidade, esgoto a céu aberto e falta de tratamento de água. Estas situações provocam a incidência de endemias como leishmaniose e outras infecções parasitárias devido à falta de tratamento na água. Muito embora, a cidade seja cercada por rios e banhada pelo mar, a comunidade ainda sofre com a falta de água em alguns locais”, enfatiza.
Apesar de ser uma cidade litorânea, os recursos hídricos potáveis
são escassos em algumas localidades de Icatu
Socióloga por formação, a professora Janete também fez apontamentos referentes às características de organização dos moradores, sobretudo das mais de 30 comunidades quilombolas que povoam a região. “Existe uma grande fragilidade com relação ao conhecimento e execução de políticas públicas voltadas para públicos remanescentes de comunidades quilombolas. Existem 32 grupos desta natureza no município, e apenas 18 estão organizados em associações. Dez comunidades são autodefinidas e somente duas possuem processos de titularização das terras em trâmite. Também foram relatadas situações de opressão e violência contra a mulher, o que obviamente ocorre em todas as regiões do país, não somente nesta cidade”.
Expondo a cordialidade dos moradores e, ao mesmo tempo, as carências da localidade, a professora Janete acredita que a Operação Jenipapo servirá como lição não apenas às comunidades assistidas, mas também aos estudantes da Unicruz. “Creio que os rondonistas poderão transformar os desafios em aprendizado e na oportunidade de conviver com as diferenças, sobretudo culturais, o que poderá contribuir muito para uma formação diferenciada e a constituição de uma visão crítica sobre nossa sociedade, cuja marca constitutiva são as profundas desigualdades sociais”, finaliza.
A Operação Jenipapo acontecerá entre os dias 18 de janeiro e 1º de fevereiro, e a equipe que representará a Unicruz já está definida. Os professores serão Janete Schubert (Sociologia, coordenadora) e Diego Dill (Jornalismo). Os acadêmicos são Alisson de Oliveira e Alessandra Brondani (Farmácia), Álvaro Teixeira e Nariel Dioto (Direito), Bruna Fruet (Fisioterapia), Helena Matiello e Paola Leal (Biomedicina) e Rodrigo Tolfo (Enfermagem).
Fonte:Site UNICRUZ
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